sexta-feira, 14 de maio de 2010

Contra Dores De Inverso, Mexa-se!


O frio está chegando e, para muita gente, pode trazer problemas como dor nos ossos, nas articulações, na musculatura.
Inspirados por filmes e notícias de outros países, quem de nós já não sonhou em curtir o inverno frente à lareira, enrolado em uma manta? Embora esse aconchego seja tentador, certamente não é acessível a todos e acaba sendo uma possibilidade distante da realidade. O frio está chegando e, para muita gente, pode trazer problemas como dor nos ossos, nas articulações, na musculatura; sintomas de artrose e de bursite se acentuam; dor de ouvido, dor de cabeça; sem falar nas gripes e resfriados e suas respectivas dores no corpo. O que fazer? Primeiro nem sonhe em ficar parado frente à lareira. Mesmo que possível, essa não seria mesmo a melhor opção para a saúde. Para combater os males do frio sobre o corpo humano, a regra é: mexa-se! Veja a seguir dúvidas muito comuns das pessoas relacionadas ao inverno e como movimentar-se pode evitar diversos problemas, impedindo que o corpo enferruje nesta estação do ano.

1. Pessoas mais magras sentem mais frio?

As pessoas mais magras tendem a sofrer mais com a queda de temperatura, porque a gordura corporal dá uma proteção ao frio. Portanto, sentem mais frio em relação aos mais gordinhos. O corpo humano tem temperatura estável, por volta de 36 graus, dependendo de cada um. Quando faz calor precisa perder temperatura e quando esfria muito é o contrário, há necessidade de ganhar temperatura.

2. As pessoas ficam pálidas no inverno?

Ocorre que, com o frio, os vasos se escondem e o coração passa a bater mais forte para manter a temperatura corporal. Este esforço resulta na palidez do rosto.

3. Os ossos dóem mais no inverno?

Esta é uma pergunta que sempre ouço. A resposta é sim! E há explicação para isto. É fato que, nos dias frios, aumenta a possibilidade de constrição vascular (diminuição do fluxo de sangue nos vasos do corpo) e a pessoa se encolhe ao sentir o frio, tensionando músculos e nervos. A tendência é de os músculos ficarem mais tensos ou terem contratura, o que ajuda a tornar algumas partes do corpo doloridas. Ficar encolhido pode afetar a postura e provocar dores na coluna. Além disso, nas articulações, o líquido sinovial — que fica mais espesso com o esfriamento do corpo —, pode gerar incômodos também.
Apesar dos poucos estudos sobre o impacto da baixa temperatura no organismo das pessoas, é fato que queixas de desconforto nos ossos, articulações e músculos são muito comuns nos consultórios médicos durante o inverno. O clima frio é um problema mais sério para quem sofre de algumas doenças crônicas. Na área de ortopedia há muitas reclamações de dores nas articulações. Os sintomas da artrose ou da bursite ficam acentuados. Não se sabe ao certo se a responsável por provocar as dores é a temperatura baixa ou a umidade do ar. Sem contar a sensação térmica, que é a temperatura percebida pelo corpo humano diante da conjunção do frio com o vento, que resulta em mais frio do que a temperatura marcada pelos termômetros. O fato é que as pessoas admitem que ficam sem disposição para a atividade física quando faz frio, o que é um erro para a saúde.

4. No inverno, é melhor tratar os problemas no corpo com bolsa de água fria ou quente?

Na verdade, tanto faz. Há uma controvérsia em fisioterapia sobre qual é a melhor opção para tratamento: o uso de calor ou frio? Digo que cada um tem uma função apropriada para cada problema e pode-se usar até alternadamente gelo ou bolsa de água quente ou o calor de lâmpadas. O tratamento com frio é mais completo porque é analgésico, a aplicação diminui a sensibilidade local e reduz a inflamação, quando ela existe. Em todo caso, havendo intolerância ao gelado porque a temperatura ambiente está muito baixa, o paciente pode fazer compressa quente. O calor faz com que aumente a circulação nos vasos associados, melhora a circulação na região e intensifica a atividade. A alternância entre o frio e o calor serve para tirar o inchaço do local.

5. Frio demais dá dor-de-cabeça?

A constrição sanguínea ou a contração muscular podem provocar dores na cabeça. Por isso, convém se agasalhar, usando toca ou chapéu, para manter esta parte do corpo mais relaxada. Dentro deste tema, algumas pessoas sentem dor-de-cabeça quando tomam sorvete, mesmo que no verão. A explicação é a mesma: o frio do sorvete afeta a temperatura do sangue e dos músculos e desencadeia os mesmos sintomas de quando a temperatura ambiente não está alta.

6. O choque térmico provoca mesmo doenças?

Aqui a informação importante, principalmente para quem sofre de doenças reumáticas: a troca de calor para frio ou vice-versa não causa a dor. A friagem sentida ao abrir a geladeira logo após tomar um banho quente, o chamado golpe de ar, já foi acusada de provocar paralisia facial. Hoje, não há discordâncias quanto a isto: a paralisia é provocada por um AVC, um derrame cerebral.

7. E gripes e resfriados?

As mudanças de temperatura podem ajudar a desencadear um quadro de resfriado. As gripes porém são transmitidas por microorganismos e independem de mudanças de temperaturas. Gripes e resfriados são doenças muito mais incidentes no inverno do que no verão. Por isso, recomenda-se a vacinação anual, inclusive dos tipos mais graves, como a causada pelo vírus H1N1, e evitar as mudanças bruscas de temperatura, protegendo sempre o corpo com agasalhos. No frio, o nariz e a garganta parecem mais sensíveis quando a pessoa apresenta um quadro de gripe e resfriado. Convém manter a higiene e ficar atento a novos sintomas, que poderão exigir outros medicamentos, sempre indicados pelo médico. Aliás, não se deve automedicar mesmo no caso de um simples resfriado.

8. Como ficar bem disposto nos dias frios?

Os músculos e articulações frequentemente parados ajudam a aumentar sintomas de muitos problemas de saúde, pela perda de flexibilidade. Com o passar do tempo, o sedentarismo tem sido o grande vilão da saúde. Como ninguém quer perder a autonomia quando ficar mais velho, a dica é mexer o corpo agora. Recomendo duas coisas muito simples: fazer alongamento e caminhada, fortes aliados no combate às dores de inverno. Estas atividades físicas são complementares e recomendadas quase que para todas as pessoas, em qualquer idade.

9. Como o alongamento ajuda?

Antes de fazer qualquer exercício físico, o alongamento é essencial e no frio, sua importância é crucial para destravar ossos, músculos e nervos para que o sistema locomotor funcione plenamente e com toda a facilidade. Os exercícios de alongamento são simples e podem ser praticados a qualquer momento. Ao levantar, espreguice e no trabalho ou na escola, estique pernas e braços, evitando ficar muito tempo em uma só posição. A maneira correta de se alongar é observar a postura ereta, posicionando a coluna reta, alinhada com a cabeça (para isto, utilize o queixo como guia: ele deve ficar paralelo ao chão). A partir daí, movimente braços, pernas e pescoço, esticando a musculatura e relaxando. Fique atento ao trabalho de músculos e articulações, que devem ser dobradas e desdobradas. O ideal é fazer alongamento pelo menos uma vez ao dia, todos os dias. Cada movimento, convém ser repetido três ou quatro vezes. No caso do alongamento ser praticado antes e depois da prática esportiva, é recomendável que a sessão dure cerca de dez minutos.

10. Como o hábito de realizar caminhadas pode ajudar?

O hábito de caminhar deve ser mantido em todas as estações do ano. No entanto, alguns cuidados devem ser tomados para que a caminhada continue a ser uma prática saudável, mesmo no inverno. É importante saber que a respiração se altera na caminhada no inverno, porque o ar gelado entra pelo nariz e se choca com a temperatura interna do corpo – cerca de 36 graus centígrados. Além disso, ficamos mais vulneráveis a lesões musculares, gripes e resfriados.
E quais os cuidados para caminhar no inverno? Atenção redobrada ao alongamento! O alongamento deve ser feito, no mínimo, por 15 minutos. Mãos, pés e cabeça precisam de estimulação extra. Faça movimentos contínuos para que fiquem aquecidos. Além disso, não esqueça o agasalho, inclusive para as extremidades do corpo. Aconselho a caminhada pela manhã. Em outro horário é preciso proteger a pele porque mesmo no inverno os raios solares são nocivos e, quem mora em cidade grande, pode evitar as horas do meio do dia por causa da poluição do ar.
O exercício mexe com a musculatura e contribui para o bombeamento do sangue para as extremidades. Faça também um alongamento em todo o corpo, como se estivesse espreguiçando. Para esquentar os pés e as pernas, fique em pé, deixe os pés paralelos e role a planta do pé, ficando apoiado nas pontas e depois nos calcanhares, repetidas vezes, e para as mãos, coloque a palma para cima e massageie com o polegar a região do punho, alternando a direita e a esquerda. Caminhar ajuda a aumentar a resistência, o que ajuda a evitar resfriado e gripe. A receita do esquimó é correta: não deixe de movimentar o corpo, mesmo que haja muita neve lá fora.

Fabio Ravaglia

Médico ortopedista graduado pela Escola Paulista de Medicina (Unifesp) com residência médica no Hospital do Servidor Público Estadual, especialização em coluna vertebral pelo Instituto Arnaldo Vieira de Carvalho (Santa Casa de Misericórdia de São Paulo) e mestre em cirurgia pela Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp, dr. Fabio Ravaglia foi o primeiro brasileiro aceito pelo programa do Royal College of Surgeons of England, onde se especializou em ortopedia reumatológica (próteses e revisão de próteses articulares, artroscopia de várias articulações, tratamento de dor na coluna e traumatologia). Durante quatro anos atuou como cirurgião ortopédico em hospitais ligados à Universidade de Bristol, na Inglaterra, país reconhecido pelo pioneirismo no desenvolvimento de próteses e de técnicas de ortopedia reumatológica. Na Alemanha, dr. Ravaglia fez especialização nas mais avançadas técnicas para cirurgias de coluna minimamente invasivas, realizadas com um aparelho do tamanho de uma caneta e com anestesia local. A técnica é utilizada para cirurgias de hérnia de disco.

Em 1994, o ortopedista voltou ao Brasil e passou a atuar com um avançado tratamento cirúrgico para problemas das articulações — a artroscopia, técnica cirúrgica que minimiza as desvantagens da cirurgia e reduz as dores provocadas pela artrose, artrite, traumatologia e hérnia de disco. O dr. Ravaglia é também membro do corpo clínico externo dos hospitais Albert Einstein, Oswaldo Cruz e Santa Catarina; diretor-presidente da Arthros Clínica Ortopédica; membro emérito da Academia de Medicina de São Paulo (cadeira 118, patrono Ernesto de Souza Campos); e membro titular da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia – SBOT. Desde 2005, o dr. Fabio Ravaglia preside o Instituto Ortopedia & Saúde, organização não-governamental que tem a missão de difundir informações sobre saúde e prevenção a doenças e que organiza o Projeto Cidadania – Caminhadas com Segurança, evento mensal que incentiva a atividade física e conta com uma feira de saúde aberta à população para a realização de exames gratuitos.




Autor: Dr. Fabio Ravaglia
Fonte: Printec Comunicação

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