segunda-feira, 26 de abril de 2010
Cinco Coisas Sobre o Transtorno Bipolar do Humor
5 coisas que você deve saber sobre o Transtorno Bipolar do Humor
Transtorno Bipolar é uma doença grave, limitante e que pode causar prejuízos importantes na vida de uma pessoa
1. O que é Transtorno Bipolar do Humor?
O Transtorno Bipolar é uma doença grave, limitante e que pode causar prejuízos importantes na vida de uma pessoa. A partir do aumento de estudos científicos nessa área, o diagnóstico tornou-se mais preciso e, por isso, cada vez mais pessoas são diagnosticadas como portadoras deste transtorno. De uma maneira geral, a principal característica do Transtorno Bipolar é a presença de instabilidade ou oscilação do humor. A pessoa bipolar apresenta fases de depressão e fases de mania ou euforia que se alternam ao longo do tempo. Pode manifestar-se de varias formas, dependendo da duração e intensidade das fases de mania e depressão.
Na euforia ou mania, ocorre uma ativação dos processos psíquicos, o humor do paciente fica exaltado, “para cima”, com aumento de energia, de forma desproporcional ou sem relação com eventos da vida. O paciente pode se irritar facilmente e o fluxo de idéias, ficando acelerado. Também pode acontecer de, subitamente, o indivíduo passar a ter idéias bizarras, místicas ou espirituais que não fazem parte de suas crenças habituais. A alegria ou exaltação que normalmente as pessoas sentem não é tão duradoura, nem oferece riscos como a que ocorre no estado de euforia – que podem durar dias, semanas ou meses. Além disso, na mania acontecem mudanças importantes no comportamento, saúde física e raciocínio (o pensamento acelerado, característico da mania, nunca acontece em estado de normalidade). A família e as pessoas à volta percebem claramente as mudanças que, em geral, acontecem de forma abrupta.
Os principais sintomas da Mania ou Hipomania são:
• Aumento da Energia: excesso de atividade no trabalho, estudos, compras; aumento de conversas ao telefone, de sexo, exercícios, viagens ou noites na internet;
• Humor irritável ou mais raramente eufórico;
• Aumento da agressividade, presença de impaciência;
• Aceleração de pensamentos, muitas idéias, devaneios e distrações presentes
• Aumento da atividade mental, muitas idéias e planos;
• Pensamentos com conteúdo exageradamente positivo: otimismo, sentimento de superioridade, arrogância, coragem, perda de timidez;
• Aumento da impulsividade e de atividades de risco (esporte, gastos, sexo.)
• Abuso/dependência de álcool e/ou drogas
• Diminuição da necessidade de sono
Na depressão, ocorre uma diminuição da energia, do prazer e a presença de tristeza e/ou irritabilidade. O indivíduo deprimido percebe que seus sentimentos diferem de uma tristeza normal sentida anteriormente ou do luto. A pessoa deprimida reage às situações estressantes com sofrimento maior e mais prolongado, desproporcional ao estímulo. Tudo se transforma em problema e os problemas tornam-se mais pesados e difíceis de resolver. Quem sente tristeza normal, busca a companhia de outras pessoas, mas a pessoa com depressão prefere se isolar. Quando o indivíduo está triste, procura se ajudar; a pessoa deprimida não consegue acreditar na eficácia de qualquer ajuda, está descrente, sem interesse e força de vontade. Alguns pacientes deprimidos tentam se distrair e disfarçar a depressão, mas acabam irritados e sem paciência pelo esforço em aparentar bem-estar. Em casos mais graves, a pessoa fica muito lenta, com dificuldade de concentração e raciocínio e a velocidade do pensamento diminui, assim como na mania, esta alteração da velocidade normal do pensamento é algo que não ocorre em estado de normalidade.
Os principais sintomas da Depressão são:
• Diminuição da energia
• Humor depressivo (triste ou irritável)
• Diminuição da motivação
• Diminuição ou perda do prazer
• Raciocínio lento, baixa concentração e prejuízo da memória
• Indecisão, apatia, desânimo
• Pensamentos com conteúdo negativo: pessimismo exagerado, sentimentos de insegurança, baixa auto-estima, vazio, culpa em relação a tudo, medo excessivo de ficar doente ou morrer, preocupações exageradas com todo e qualquer assunto.
• Insônia ou sono em excesso
• Dores pelo corpo e queixas físicas
• Diminuição importante ou perda da libido
De maneira geral, há três características principais que diferenciam um episódio de alteração do humor do Transtorno Bipolar de uma oscilação normal do humor:
1. Intensidade: as alterações do humor que ocorrem no TBH são normalmente mais severas do que as oscilações normais do humor.
2. Duração: um estado simples de mau humor, normalmente, termina em poucos dias, mas a mania ou a depressão pode durar semanas ou meses. Quando a pessoa sofre de ciclagem rápida, euforia e depressão podem ir e vir rapidamente, mas a pessoa habitualmente não retorna a um humor estável por um longo período.
3. Interferência nas atividades da vida: os extremos no humor que ocorrem num TBH podem causar sérios prejuízos. Por exemplo: um episódio depressivo pode deixar uma pessoa incapaz de sair da cama ou ir até o trabalho; um episódio maníaco pode fazer uma pessoa ficar sem dormir durante várias noites e dias ou gastar um dinheiro que, de fato, ela não tem ou não desejaria desperdiçar.
2. Por quais razões Transtorno Bipolar do Humor se desenvolve?
O Transtorno Bipolar é uma doença multifatorial. O que determina se um indivíduo terá ou não essa doença é principalmente a hereditariedade. Ou seja, existe uma predisposição biológica, geneticamente determinada, para apresentar o transtorno. Além disso, alguns fatores ambientais e psicológicos podem facilitar a manifestação das primeiras crises e são fatores importantes no desencadeamento de crises futuras. Entre estes fatores (chamados estressores) estão: a perda de alguém querido ou separações, mudanças importantes na vida (para melhor ou para pior), alteração do ritmo de sono (mudanças de fuso, trabalho noturno ou noites mal dormidas), uso de álcool e/ou drogas.
3. Como sei indentificar se alguém está com esse problema?
É possível reconhecer se alguém está em Mania ou Hipomania se ele se mostra exageradamente “feliz” e excitado ou exageradamente irritado ou raivoso. A pessoa sente-se capaz de fazer coisas que ninguém mais poderia fazer, parece arrogante, dorme menos que de hábito, faz muitas coisas ao mesmo tempo, parece ter mais energia, fala muito e rápido, tem muitas idéias (algumas irrealistas) e é facilmente distraído, não terminando o que começa, faz coisas impulsivas como gastar mais dinheiro do que poderia ou se insinuar sexualmente sem que esse seja o seu comportamento usual.
Quando está deprimida, a pessoa sente-se triste, irritada, ansiosa, sem interesse pelas pessoas e pelas coisas, dorme muito ou tem insônia, perde o apetite e o prazer pelas coisas de que costumava gostar. Não consegue se concentrar ou tomar decisões. Sente-se fatigada, sem energia, mais lenta, culpada em relação a tudo e pode pensar em suicídio.
4. O Transtorno Bipolar do Humor tem tratamento?
O tratamento indicado para o Transtorno Bipolar é prioritariamente farmacológico e feito por um psiquiatra, mas a associação da farmacoterapia com a psicoterapia é a forma mais eficaz de controlar os sintomas e prevenir recaídas.
O tratamento farmacológico consiste de estabilizadores do humor como Litium®, Depakote®, Tegretol®, Lamictal®, etc, mas pode incluir o uso de antidepressivos ou drogas que controlam a ansiedade ou problemas com os pensamentos (delírios e alucinações). O uso dessas medicações implicam em consultas freqüentes com um psiquiatra a fim de controlar efeitos colaterais e fazer os ajustes necessários para que os sintomas fiquem estáveis. A psicoterapia ajuda a aprender mais sobre a doença, a prevenir recaídas e a monitorar o humor, a rotina e lidar melhor com diversos problemas que podem desencadear novas crises ou agravar o quadro.
5. A quem devo buscar para pedir ajuda/auxílio?
O profissional indicado para tratar o paciente bipolar é o psiquiatra. A psicoterapia que tem se mostrado mais eficaz na redução de sintomas e na prevenção de novas crises é a abordagem cognitivo-comportamental. Trabalhos de psicoeducação feitos pelos próprios psiquiatras, psicólogos ou demais profissionais de saúde mental também demonstraram ser eficientes na melhora da compreensão da doença e na prevenção de recaídas.
Mireia C. Roso e Rosilda Antonio
Mireia Roso é Psicóloga, mestre em Psicologia pela USP e pesquisadora do Departamento de Psiquiatria do HC da FMUSP. Rosilda Antonio é Psiquiatra, psicoterapeuta e membro da Sociedade de Psicodrama de São Paulo.
Autor: Mireia C. Roso e Rosilda Antonio
Fonte: O que eu tenho?
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Minha esposa é bipolar, convivo com ela e sua doença a 40 anos e nos últimos anos ela está na fase depressiva descrita acima, mesmo recebendo tratamento psiquiátrico, tomando medicamentos de controle, ela perdeu a alegria das coisas que gostava, quase não sai de casa ou arruma desculpas para não sair, fica muito tempo deitada em geral mais de 15 horas diárias e fáz o mínimo necessário das tarefas domésticas, embora isto não seja importante. Na verdade ela sempre nos usa como "muleta" para os problemas mais simples. A grosso modo, está sempre cheia de auto piedade em suas tradicionais desculpas. No fundo, ela parece nem se importar com os nossos sentimentos, desde que não perca a nossa atenção.O que posso fazer?
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